sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Testemunho missionário

"A terra para onde Deus me enviou tem de nome Laclubar e, amig@s, aqui é de certeza um pedaço de céu! Confesso que na primeira viagem que fiz para cá, quando avistámos da estrada, a Flor me disse "é o paraíso não é?" eu não percebi porquê e até pensei que seria uma afirmação exagerada... Hoje sei que é a mais pura realidade.... É um lugar encantado onde é impossivel não entregar-mos o nosso coração. Aqui a electrecidade é só entre as 18h e as 24h, o banho toma-se de gaio, não há chuveiros, nem água a sair das torneiras, usa-se a água da chuva. Não há internet. Não há rede de telefone. A unica utilidade do telemóvel é a de despertador e inclusive guardo-o dentro da lata das canetas que a Flor me ofereceu. Não há discotecas, bares nem centros comerciais. Há um mercado ao domingo e outro há quinta. Há quiosques espalhados pelos cantos onde se vende de tudo um pouco. Aqui não há aquelas coisas que julgamos serem essenciais. Mas aqui, amig@s, percebo o que é essencial. Aqui percebo que essas coisas todas não passam de meros acessórios, sem os quais, imaginem só, me encontro a viver bem. Aqui há uma coisa essencial: o AMOR.
Outra novidade que a missão trouxe à minha vida foi a vida comunitária. Eu e a Flor formamos uma comunidade e depois formamos uma outra com o Aurélio e o Pedro (leigos), os Irmãos e aspirantes e as Irmãs que se encontram aqui em missão. Mais do que tarefas ou espaços partilhados, na vida comunitária aprendo a partilhar vida. Deixa-se de dizer "eu" e passa-se a dizer "nós", deixa de ser apenas "meu" e passa a ser "nosso". Não falo de material e sim de essencial, de vida que se faz vida no outro. Sinto-me bem, feliz. Como diria Fernando Pessoa, "primeiro estranha-se depois entranha-se". Se fosse contar-vos a imensidão de momentos de e de sentimentos que já vivi e já senti, não chegaria uma resma de papel! "Tebes"! Já tive o coração destroçado com utopias da dita igualdade, já tive momentos de garagalhadas prelongadas, já abracei, já fui abraçada. Aprendi a respeitar, a ser e a estar. E, a cada dia que passa aprendo a amar, aprendo a dar e receber. Aprendo a crescer.
Claro que alguns de vós devem estar a pensar que estou a passar o lado bonito da missão... E se calhar até estou, como é habitual que se faça neste tipo de testemunhos, mas também vos posso dar um pouco do que não é tão bom.... Quando se decide deixar o nosso país, a nossa família, os nossos amigos, para seguir Deus, para seguir o caminho que Ele mesmo nos indica, devemos desde logo estar conscientes de que se vai viver e por viver subentende-se não só momentos de garagalhadas mas também momentos se stress, de lágrimas, de tristeza, de indefinição. Muitas vezes aliás na maioria das vezes, com factores externos à missão, com factores externos ao chamamento que Deus nos faz. Também já experimentei (e experimento) alguns momentos menos bons, mais a nivel organizacional que vivacional, se é que me faço entender. Às vezes somos embrulhados em faltas de diálogos entre dois países que querem o mesmo e isso gera desconforto. Mas apenas isso. Porque o que nos traz a terras de missão, o que nos mantém aqui, o que nos faz acoradr de manhã é sempre esse Deus que é todo Amor, esse Deus que se faz Homem e que nos mostra em cada dia que é e deve ser sempre Ele o centro da nossa vida e da nossa acção. Outro dos pontos menos altos da missão é a distãncia física que nos separa dos que amamos. Claro que aqui encontrei outra família. Em casa , principalmente. A Flor tem sido mais que mãe, mais que pai, mais que irmã, mais que amiga, mais que confindente. Mas, independentemente de estar feliz, de me sentir em família, de me sentir acolhida e amada, é impossível não sofrer com o sofrimentos dos que aí deixei. Em algumas situações torna-se muito doloroso não poder ver um sorriso que sofre ou dar um abraço na familia que se ama. Confesso que sofro com algumas situações, que também sinto saudades, que também os recordo em cada dia. Fazem parte da missão. Sem eles não estaria aqui. estar em missão não significa que os ame menos mas sim que estou a pôr em prática o que eles me ensinaram. Mas, o que permanece é mesmo o amor de Deus, esta entrega que Ele me pede e à qual aos poucos lhe respondo que sim.
Em cada dia renovo esta entrega aos valores hospitaleiros."
Testemunho jH Catarina António

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